Rosas, António (2006) Mentiras, Meias-mentiras e Verdades - A Ciência Política e a Democracia 24p. Abstract: Costuma dizer-se que o mundo em que vivemos não é nem preto nem branco mas cinzento. Com isso, pretende-se geralmente transmitir a ideia de que as realidades dos nossos mundos sociais, morais e polÃticos são em larga medida aparentes, fluidas, capazes de induzir-nos em logros, etc., e que, portanto, tanto podem ser frustrantes para o homem ético como insatisfatórias para o cientista.
Desde os seus primórdios que a Ciência PolÃtica se preocupa com estes fenómenos. Apesar de não se apoiarem em métodos e teorias objectivas e falsificáveis, os antepassados clássicos dos modernos cientistas polÃticos, como Aristóteles, Platão, Hobbes, Rousseau, ou Locke, também estavam cientes que a relação entre os valores dos homens e as suas acções na polis ou na civitas eram, no mÃnimo, problemáticas.
Não pretendemos entrar aqui numa exposição exaustiva sobre o modo como muitos desses autores articularam essa relação. Uma tal ousadia seria tão ambiciosa como desajustada. Limitar-nos-emos apenas a referir que essas preocupações e interrogações também iriam fazer parte de uma outra ciência fundada muito séculos depois, mais concretamente durante e nas primeiras décadas posteriores à II Grande Guerra. Referimo-nos, como é óbvio, às denominadas Ciências da Comunicação, cujos cânones, por assim dizer, podem já encontrar-se, pelo menos em germe, nos primeiros estudos de opinião e dos comportamentos eleitorais realizados nas sociedades industriais modernas.
Poder-se-á porventura dizer que foi a partir desse momento que as relações entre as duas ciências mais se estreitaram, estabelecendo-se novos campos do saber através de uma intensa divisão do trabalho aos nÃveis teórico e empÃrico.(...)
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